De saco cheio com a terapia, drogas que não surtem efeitos (positivos) e pessoas que dizem "você tem que se ajudar!", resolvi registrar os altos e baixos da minha mente doentia para ver o que acontece. Identifica-se? Concorda? Acha frescura? Comente.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Quer me foder? Me beija!


      Vou ao cinema por pura diversão. Gosto de me entreter, de passar duas horinhas longe da realidade, gosto de filmes pipoca, filmes de verão. Apesar de não ser muito fã de "filmes-cabeça" alguns filmes conseguiram ultrapassar o limite que separa o entretenimento e a reflexão. Matrix foi o primeiro que mexeu comigo, me fez pensar e me encantou, visualmente falando. Mais exemplos são Réquiem para um Sonho, Cidade de Deus, Meninos não Choram, Wall-E, e, entre outros, Tropa de Elite. 
     Minha expectativa para a continuação, Tropa de Elite 2, era alta, exagerada até, visto que amei o primeiro filme. Mas nada poderia me preparar para a porrada que é esse Tropa. Saí do cinema a pouco e estou extasiado. É muito melhor que o primeiro.
     No primeiro, a mensagem era clara: os usuários de drogas, de classe média, são os grandes responsáveis pela violência do tráfico no Rio de Janeiro. E essa violência só é detida com mais violência.
     Agora o filme mira para cima, e prega que nem todas as balas do mundo mudam um local se há interesses políticos (votos + grana) envolvidos.
     De um modo exagerado, afinal de contas, ainda é um filme, Nascimento, agora Coronel, nos narra a limpeza feita nos morros cariocas pelo BOPE, e a sua ligação com o surgimento das milícias e com a reeleição de deputados e o governador do Rio. Impossível não pensar nas UPP's e em Sérgio Cabral sendo reeleito com quase 70 % dos votos. Mas, como um letreiro ironicamente avisa no início da sessão, qualquer semelhança com a realidade é coincidência. Prato cheio para os paranóicos de plantão.  Agora é só esperar a enxurrada de e-mails na segunda.
          E, apesar das ideias polêmicas, da violência extrema, da trama intrincada, dos inúmeros personagens, o filme diverte. E muito. Michael Bay deveria ter umas aulas com José Padilha, para aprender a criar cenas de ação de impacto  e frases de efeito. "Pede pra sair!"? "Você é moleque!"? Já era!
Novos bordões estão lá, prontos para cairem na boca do povo, como o que intitula o post.
 E o uso de helicópteros, iates e carros blindados mostra que o primeiro flime faturou alto e dá uma cara de cinemão americano à produção. Para algumas pessoas isso é ruim, mas, ao final do filme, todos que estavam no cinema lotado aplaudiram o filme exaustivamente.
     Enfim, valeu cada um dos muitos reais gastos no ingresso.

Trilha sonora do post: a música mais óbvia que me vem à cabeça não é aquela do Tihuana, nem o Rap das Armas, mas sim o bom Planet Hemp. Quem assistir ao filme vai concordar...



...ou ainda o clássico recente dos Titãs, Vossa Excelência:




P. S.(1): Quando vejo filmes nacionais no cinema, são tantos logotipos de patrocínios e incentivos culturais que, me dá a sensação de que deveriam me devolver o dinheiro do ingresso. Sem falar nos comerciais antes das sessões. 

P. S.(2): Ainda bem que tiveram o bom senso de não colocar no filme o supra citado Rap das Armas. Ninguém aguenta mais o tal PARRÁ-PA-PA-PA-PA-PA-PA-PA-PÁ!

P. S.(3): Na última vez que vi uma centena de pessoas vibrando e aplaudindo ao ouvirem palavras de ordem contra o "SISTEMA" foi num show do Ratos de Porão, 12 anos atrás. Mas eram todos adolescentes pseudo-punks, e não senhores e senhoras endinheirados de meia-idade. Estranho.